Da primeira usina móvel de biodiesel do mundo ao sonho de descentralizar a produção de energia limpa no Brasil. A história da Biolevel, startup mineira participante do Programa Conexões do BH-TEC, mostra como a inovação pode nascer dentro da universidade, ganhar força no mercado e se transformar em uma solução capaz de unir sustentabilidade, impacto social e economia circular.
Uma jornada que começou no laboratório
A trajetória da Biolevel remonta a 2009, quando o engenheiro mecânico Alex Nogueira, sócio-fundador, lançou na cidade de Itaúna, em Minas Gerais, um projeto de coleta de óleo de cozinha usado para produção de biodiesel. A iniciativa deu origem à primeira versão de uma usina experimental e, em parceria com a UFMG e o professor Rochel Lago, à criação da primeira usina móvel de biodiesel do mundo.

“A usina foi colocada em uma carreta e rodou várias cidades, mostrando de forma prática e educativa que era possível transformar o resíduo em combustível renovável”, relembra Fernando Andrade, CEO da Biolevel.
O projeto teve validações com empresas como Gerdau, Minerita e Stellantis, além da venda de uma usina ao supermercado Verdemar. À época, porém, a empresa ainda carregava o DNA acadêmico e operava sob o nome BChem (de biodiesel + química). A visão empresarial só ganharia força anos depois.
Recomeço com visão de mercado
Engenheiro ambiental e empreendedor desde 2015, Fernando encontrou o projeto parado em 2020 e viu a oportunidade de dar um novo rumo à ideia.
“Conversamos com o Alex e decidimos transformar a BChem em um negócio com foco em mercado, criando a Biolevel. Fizemos o rebranding, estruturamos novos modelos de negócio e, a partir daí, partimos para a validação com clientes”, explica o CEO.
Hoje, a startup atende produtores de soja, indústrias consumidoras de biodiesel e cidades acima de 50 mil habitantes, onde implanta usinas descentralizadas de produção.
Tecnologia nacional e modular
A grande inovação da Biolevel está no modelo de usinas compactas e modulares, capazes de transformar diferentes tipos de óleo vegetal em biodiesel, com até 78% de redução nas emissões de gases de efeito estufa.

“Nossa usina é compacta e tem alta capacidade de produção. O modelo B100, por exemplo, produz 100 litros por hora, o que significa mais de 26 mil litros por mês”, detalha Fernando.
Além de eficiência, a solução ajuda o Brasil a enfrentar um gargalo: atualmente, o país ainda importa cerca de 17% do biodiesel que consome.
Impacto social: O projeto Biocombustível Social
Mais do que produzir energia limpa, a Biolevel decidiu transformar também a realidade das pessoas. Com o projeto Biocombustível Social, a startup vai capacitar cidadãos em situação de vulnerabilidade e cooperativas de reciclagem para atuarem como agentes de coleta de óleo de cozinha usado. Todo o material recolhido vai ser comprado comprado pela própria empresa, garantindo uma fonte estável de renda para essas famílias.


“Estamos falando de pessoas que antes dependiam de programas assistenciais e que hoje conseguem conquistar autonomia financeira, chegando a uma renda mensal de até R$ 3.500. É uma virada de chave que dá dignidade, cria empregos locais e ainda resolve um grande problema ambiental: evitar que milhares de litros de óleo sejam despejados em pias e redes de esgoto”, destaca Fernando.
A solução já está sendo apresentada a empresas e cidades interessadas.
Uma equipe movida por propósito
À frente da Biolevel estão profissionais de diferentes áreas que unem expertise técnica e visão de impacto:
- Fernando Andrade, engenheiro ambiental e CEO
- Alex Nogueira, engenheiro mecânico com doutorado em combustíveis renováveis
- Tainá, engenheira de materiais com especialização em sustentabilidade
- Bruno, engenheiro civil com especialização em gestão financeira e processos
Juntos, eles formam um time preparado para transformar a produção de energia limpa no Brasil.
O futuro da Biolevel
Com uma equipe multidisciplinar de sócios especializados em engenharia, sustentabilidade e gestão, a Biolevel mira a expansão por meio de parcerias estratégicas.
“Nosso objetivo é, no futuro próximo, realizar uma fusão com uma grande empresa do setor de energias renováveis. Isso permitirá ampliar a escala e levar nossa tecnologia a muito mais clientes e cidades”, projeta o CEO.
Expectativas para o Conexões
Participar do Programa Conexões é, para a startup, mais uma oportunidade de acelerar a visão de negócio e ampliar o impacto.


“Queremos usar o Conexões para ir além da parte técnica. Nossa expectativa é criar de fato conexões com prefeituras, indústrias e governos, abrindo caminhos para que a Biolevel esteja cada vez mais inserida em processos que tragam impacto real”, destaca Fernando.