Transformar a forma como os municípios planejam, decidem e se relacionam com a população. Esse é o propósito da Lici Govtech, startup liderada por Grazielle Carvalho, que levou uma trajetória marcada por reviravoltas em um projeto de impacto nacional. Hoje, a empresa se consolida como referência em metodologias e tecnologias que apoiam prefeituras a se tornarem mais eficientes, sustentáveis e conectadas às necessidades reais da sociedade.

De professora a empreendedora
Grazielle trilhou um caminho acadêmico sólido, com graduação, mestrado e doutorado em Geografia na UFMG, além de um período de estudos no exterior. O objetivo era se tornar professora universitária, mas a reprovação em um concurso para a docência mudou o rumo de sua carreira.
“Foram dez anos de preparação para um concurso, e, quando não passei, me vi totalmente sem chão e sem um plano B. Foi quando o empreendedorismo entrou na minha vida”, conta Grazi.
Após experiências desafiadoras em duas empresas, que resultaram em aprendizados valiosos sobre gestão, tecnologia e propriedade intelectual, Grazielle fundou a Lici Govtech, em 2018. O início foi com consultorias e oficinas participativas para prefeituras, mas logo a atuação evoluiu para um modelo inovador de aceleração de cidades inteligentes.
A metodologia Lici
Atualmente, a empresa combina três frentes, reunidas em uma metodologia exclusiva de aceleração:
- plataforma digital
- treinamentos
- consultorias
A proposta é apoiar prefeituras, especialmente de pequeno e médio porte, a alcançarem maior eficiência na gestão pública, com base em indicadores de desempenho alinhados à Agenda 2030 da ONU.
“Nosso objetivo é tornar o trabalho das prefeituras mais simples e efetivo, oferecendo ferramentas acessíveis mesmo para quem não tem familiaridade com tecnologia”, explica Grazi.


Um dos destaques é a plataforma Chesi, cujas iniciais significam “Cidades humanas, eficientes, sustentáveis e inteligentes” e foi desenvolvida para simplificar a análise de dados e processos participativos.
Visual, intuitiva e acessível, foi pensada para atender gestores de municípios menores, mas também se adapta facilmente a cidades maiores e mais complexas.
Diferenciais e impacto
Além de já ter capacitado mais de mil profissionais do setor privado, a Lici se dedica agora à formação de servidores públicos. A empresa também mantém uma comunidade de ex-alunos que podem ser integrados a projetos de consultoria, ampliando o alcance da metodologia.

Outro ponto relevante é a atuação de Grazi na coordenação técnica da Lei Estadual de Cidades Inteligentes de Minas Gerais (Lei nº 24.839/2024), uma das primeiras legislações do tipo no país, que vai além da tecnologia e integra pautas de sustentabilidade, mudanças climáticas e economia verde.
“Cidades inteligentes não são apenas wi-fi na praça ou lâmpadas de LED. É sobre sustentabilidade, ocupação do solo, mudanças climáticas e desenvolvimento econômico alinhado à Agenda 2030.”
Reconhecimento e próximos passos
A startup foi selecionada para programas estratégicos como o Conexões e, mais recentemente, o Mulheres Inovadoras (FINEP 2025). Para Grazi, esse apoio é essencial para levar a empresa a um novo patamar.
“A Lici já alcançou muito, mas precisamos somar conhecimentos para ampliar o impacto. Queremos estar presentes em 50% +1 dos municípios brasileiros, contribuindo para uma gestão pública mais moderna, participativa e sustentável.”