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Sementes de aroeira em um utensílio de vidro

Da biodiversidade ao fármaco: Conheça o remédio anti-inflamatório, cicatrizante e antimicrobiano feito a base de ‘super planta’

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Você se imagina em um mundo onde os antibióticos mais fortes não funcionam mais? Parece assustador, mas essa ameaça é real, diante do cenário alarmante de resistência antimicrobiana que provoca cerca de 1 milhão de mortes por ano, segundo dados de 2024 da Organização Mundial da Saúde (OMS).

E se a solução para esse cenário hipotético estivesse na própria natureza?

É justamente esse o propósito da DSBio, startup que transforma recursos renováveis e naturais da biodiversidade brasileira em insumos fitoativos baseados em evidências científicas, os chamados Ingredientes Naturais Funcionais com Atividade Validada (INFAVs).

Montagem com cenas de laboratório - uma mão mexendo um utensílio de vidro, uma planta e uma bancada
A startup desenvolve pesquisas e produtos baseados em plantas e suas propriedades | Virgínia Muniz/BH-TEC

A empresa é uma das participantes do Nautilus, programa criado pelo BH-TEC com metodologia exclusiva, baseada em estudos nacionais e internacionais, para desenvolver a sustentabilidade de negócios, startups e empresas.

Conheça agora a história da DSBio!

A descoberta

“Onde tem um super desafio, existe uma super planta”. Essa máxima foi levada a sério por Diana Sales, bioquímica com mestrado e doutorado em Biotecnologia pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), com ênfase na pesquisa etnofarmacológica de plantas medicinais.

A planta nativa do Brasil possui propriedades medicinais, como anti-inflamatória, cicatrizante e antimicrobiana | Vírginia Muniz/BH-TEC

A especialista identificou nas pesquisas: para um super problema, a aroeira (Schinus terebinthifolia). A planta oferece soluções de origem vegetal (IFAVs) de interesse do SUS e da população em geral, para o controle da resistência microbiana e equilíbrio do microbioma humano, animal e vegetal.

E tem mais! “Descobrimos que a aroeira é um dos modelos mais promissores para se tornar um recurso de sustentabilidade e inovação, amenizando impactos na saúde e no clima’’, afirma Diana, fundadora da DSBio.

A aroeira, explica a bioquímica, é cultivada pela DSBio de maneira sustentável e inédita nas montanhas do interior de Minas Gerais, sendo uma parceria da startup com o setor de agricultura familiar.

O início de um sonho

A empresa surgiu no Espírito Santo, em 2017, desenvolvendo pesquisas com plantas medicinais para a preparação de medicamentos contra bactérias existentes. Atualmente, as atividades da empresa se revezam entre os laboratórios da UFMG, onde ocorrem as extrações das plantas, e o interior do estado, onde estão localizadas as plantações de Aroeira.

Diana no laboratório da DSBio
A DSBio une a tecnologia e a biodiversidade brasileira para um futuro mais sustentável | Diana Sales/Arquivo pessoal

A DSBio estuda a planta por cerca de 10 anos e um divisor de águas aconteceu entre 2023 e 2024, quando a empresa firmou uma parceria com a FarmaVax, unidade Embrapii da UFMG, onde foi desenvolvido o primeiro fármaco, através dos INFAVs, validado e padronizado por sua eficácia contra bactérias resistente a antibióticos.

Como a aroeira pode ajudar a sua saúde?

O grande projeto da BSDio consiste no desenvolvimento de um dermocosmético biomimético inovador, formulado com um princípio ativo vegetal extraído da Aroeira, reconhecido por suas potentes propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias, especialmente contra microrganismos multirresistentes.

Com isso, a empresa busca:

  • reduzir infecções resistentes
  • diminuir custos hospitalares 
  • gerar fonte de renda local para trabalhadores envolvidos na plantação de aroeira
  • ajudar na saúde dos consumidores de fármacos
  • reduzir a emissão de gás carbônico para organizações ambientais interessadas

Ao longo dos anos, a equipe da BSDio tem dedicado esforços em pesquisas para garantir que o medicamento seja capaz de proteger a microbiota humana com 100% de segurança. ‘’A nossa pegada é a eficácia e segurança. Então, a tecnologia foi patenteada em 2023 com tecnologia verde”, reforça Diana.

O time de sintonia por trás da DSBio

Só temos coragem quando temos boas parcerias” — Diana Sales

A frase da fundadora da DSBio resume com clareza o espírito da empresa: uma união entre conhecimento científico, com base em inovação e propósito social.

A empreendedora pesquisou no pós-doutorado a importância da aroeira para a tribo indígena Tupiniquim, além de desenvolver estudos moleculares sobre a planta na UFMG, investigando seu potencial terapêutico.

Montagem com cenas de uma pesquisadora manuseando no laboratório e uma fileira de utensílios de vidro
Além do medicamento, DSBio incentiva a agricultura familiar | Virgínia Muniz/BH-TEC

Ao seu lado, a responsável pela startup conta com a ajuda de dois parceiros que tornam o propósito realista: Peter Zahar, que atua como consultor sênior da empresa, contribuindo com soluções inovadoras para o desenvolvimento tecnológico e de negócios; e Jorge Sales, com ampla experiência em gestão ambiental na Vale, hoje aposentado, direcionando seus conhecimentos estratégicos às operações da DSBio.

Os três formam uma equipe repleta de sintonia e coragem em busca de transformar a missão em realidade para a sociedade.

Tecnologia Sustentável: foco no futuro

Em 2025, acontece o segundo projeto pré-clínico para validar o medicamento à base de aroeira. Segundo Diana, a empresa está aprendendo com o processo de plantação de Aroeira, para refinar melhor o projeto, visando o bem-estar da população.

Durante o Nautilus, os representantes da startup participam de atividades formativas para a amadurecer algumas ideias essenciais para o crescimento da empresa.

‘’Eu não tinha segurança de falar que a gente faz economia circular, eu imaginava que o circular estava ligado a um plástico e, na verdade, não é isso. Então, foi muito importante para eu começar a entender este ponto’’, revela a representante da startup.

Atualmente a principal proposta da BSDio é a criação de uma biofábrica de produção de insumo, com o intuito de gerar soberania na produção da medicação à base de Aroeira.

“Com uma fábrica piloto bem planejada e estruturada, poderemos vislumbrar o que virá nos próximos anos e, assim, podemos nos adaptar cada vez mais ao mercado”, projeta Peter Zahar.

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