Unir recuperação ambiental e geração de renda para transformar vidas no semiárido mineiro: essa é a proposta do “Agro + Verde Cacau”, projeto premiado que está mudando a realidade de pequenos produtores no Norte de Minas.
Criada pelo Instituto Antônio Ernesto de Salvo (INAES), a iniciativa introduz o cultivo de cacau em áreas degradadas, garantindo assistência técnica, diversificação da produção e novas oportunidades para agricultores que enfrentam os desafios da queda na produção de banana.
“Mais do que plantar árvores, estamos ajudando famílias a reconstruir sua segurança econômica com práticas sustentáveis. É um trabalho que tem impacto direto na dignidade das pessoas”, destaca Bruno Rocha, gerente executivo do Instituto.

O projeto foi um dos selecionados pelo Prêmio ALMG de Incentivo à Inovação – Crise Climática, em parceria com o BH-TEC, e, a partir de agora, você vai conhecer um pouco mais sobre a história dessa iniciativa inspiradora nesta reportagem especial.
O início
Nomeado em homenagem a Antônio Ernesto de Salvo, importante pecuarista e liderança rural em Minas Gerais, o INAES foi fundado em 2007 para dar continuidade ao legado de compromisso com o desenvolvimento do setor agropecuário.
Filho de Antônio Ernesto, o atual presidente do Instituto mantém viva essa missão, fortalecendo a conexão com os produtores rurais por meio de assessoria técnica e projetos estratégicos. Integrante do sistema FAEMG e SENAR, o Instituto se consolidou como um elo entre o conhecimento técnico e a prática no campo, sempre com foco na sustentabilidade e na valorização do trabalho rural.


Desde o início, o INAES tem atuado na criação e execução de iniciativas voltadas ao melhoramento genético animal, restauração ambiental e à consultoria especializada em diferentes regiões do estado.
O Instituto realiza estudos, planejamentos, formulações, implementações e avaliações de políticas, projetos, programas e transferência de tecnologia para o desenvolvimento sustentável dos territórios rurais.
Restauração
O projeto teve início por meio de uma parceria com a Cargill, uma empresa multinacional do ramo da indústria alimentar e agrícola com sede nos Estados Unidos, e envolveu a restauração de passivos ambientais no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba.
“Trabalhamos em reservas que precisavam ser restauradas e em áreas de preservação permanente. Atuamos junto a diversos produtores locais, realizando o cercamento dessas áreas, o plantio de mudas, a semeadura direta e também a recuperação de pastagens degradadas”, explica Bruno, antes de finalizar:
“Com isso, conseguimos promover uma restauração eficaz e uma retenção de carbono muito mais eficiente. A partir dos bons resultados obtidos, a Cargill nos propôs expandir essa iniciativa com uma nova abordagem para o Norte de Minas – e foi assim que tudo começou”.

Simbiose
O “Agro + Verde Cacau” visa diversificar a produção agrícola e ampliar as fontes de renda dos produtores do Norte de Minas. A proposta inovadora aposta no cultivo de cacau como alternativa sustentável para a região, que enfrenta desafios causados pelo declínio na produção de banana.
O projeto consiste em plantar cacau entre bananeiras, aproveitando o sombreamento natural e otimizando o uso do solo. Dessa forma, há a diversificação da produção, o que facilita para que produtores passem por momentos de queda de produtividade de forma mais branda.
“Atualmente, a região de Janaúba, Jaíba e municípios vizinhos se destaca pela forte especialização em fruticultura, com um alto nível de profissionalização entre os produtores. A fruticultura local é baseada na irrigação, com ênfase na cultura da banana”, explica Bruno Rocha.

“Essa cultura, no entanto, apresenta um pico de produtividade em determinadas épocas, seguido por uma queda natural no rendimento. Além disso, a região enfrentou recentemente o surgimento de pragas que agravaram ainda mais essa redução na produtividade”, complementa.
A iniciativa prevê assistência técnica e gerencial, formação profissional rural e ações direcionadas ao uso sustentável de propriedades rurais degradadas, alteradas ou com baixa produtividade. Com apoio técnico e financeiro, os agricultores recebem acompanhamento mensal e têm cinco anos para iniciar o pagamento do financiamento — feito em amêndoas de cacau.
Atualmente, 30 produtores participam do projeto, que tem gerado impactos significativos na sustentabilidade e na empregabilidade local.
Futuro
O Prêmio ALMG é um marco importante na trajetória do Instituto, que vê a oportunidade como um estímulo para seguir avançando. A expectativa é que o reconhecimento atraia ainda mais parcerias com o setor público e privado, ampliando o alcance das ações no campo.

“Nos sentimos muito honrados por termos sido contemplados com este prêmio e enxergamos um benefício enorme nisso, principalmente como forma de incentivar outras empresas, além da Cargill, a se tornarem parceiras em iniciativas como essa”.
“O que queremos, de fato, é que mais ações desse tipo aconteçam”, afirma Bruno Rocha, diretor do Instituto
O Instituto está participando do programa de aceleração do BH-TEC, que oferece workshops e mentorias especializadas. “O acompanhamento do BH-TEC tem contribuído muito para a modelagem e o aperfeiçoamento do projeto. É um pacote muito completo”, conta Bruno.
Com foco na sustentabilidade, inovação e no bem-estar dos produtores, o INAES planeja expandir suas iniciativas, buscando mobilizar empresas e entidades que compartilhem da mesma visão de futuro para o campo.