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AFLORA

Agroflorestas que transformam: Iniciativa aflora perspectivas e muda vidas – e famílias – na zona rural mineira

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Recursos e suporte no início do cultivo para garantir autonomia e sustentabilidade para agricultores familiares. E o grande diferencial: assistência técnica permanente para transformar realidades e enfrentar a vulnerabilidade social na zona rural mineira. Essas são as missões da AFLORA (Associação Florestalense de Agroecologia), que está mudando vidas em Florestal, cidade da Grande BH a menos de 70 km da capital mineira.

“O nosso sonho é apoiar os nossos agricultores, para que as pessoas não precisem trabalhar na zona rural e passar fome, e para que a agroecologia seja uma ferramenta de transformação, de mudança de vida”, resume Isabel Freire, presidenta da AFLORA.

Uma das premiadas pelo Prêmio Assembleia de Incentivo à Inovação – Crise Climática, a iniciativa é um exemplo de como a agroecologia pode unir inovação, cuidado com o meio ambiente e compromisso com a comunidade.

Associação é destaque em sustentabilidade e agroecologia | Arquivo pessoal

Confira a reportagem especial sobre a AFLORA, uma das 10 premiadas do Prêmio da ALMG, que é impulsionada desde o início deste ano por um programa coordenado e executado pelo BH-TEC.

Aflorando a solidariedade

Um dos alicerces do trabalho da AFLORA é o Fundo Rotativo Solidário, cujo objetivo é apoiar pequenos projetos em comunidades. O fundo é uma tecnologia social que financia a produção agrícola de famílias em situação de vulnerabilidade, garantindo assistência técnica e comercialização.

Funciona assim: a AFLORA fornece os materiais e a assistência técnica permanente necessários para a criação de um pequeno módulo de um sistema agroflorestal, que é um sistema em que o produtor planta e cultiva árvores e produtos agrícolas em uma mesma área, garantindo a melhora de aspectos ambientais e a produção de alimentos.

“Muitas vezes, os projetos existentes são muitos pontuais: não oferecem assistência técnica depois do primeiro ano. E, nos sistemas agroflorestais, a floresta demora a crescer. Então, esse manejo é essencial pra eles terem a dinâmica necessária para transformar a paisagem e construir biodiversidade e, principalmente, ser produtivo”, explica Isabel Freira, presidenta da associação.

Plantação no projeto do Fundo Rotativo Solidário | Isabel Freire/Arquivo pessoal

A AFLORA realiza o plantio de diversas frutas, hortaliças, grãos e outras espécies, dependendo das condições de cada ambiente.

Para ser um sistema agroflorestal efetivo, é importante que ele seja desenhado seguindo uma lógica de produção, levando em consideração alguns aspetos como solo, clima, mercado, operação e objetivo com a produção. É aí que entra o trabalho da AFLORA, ajudando os produtores a otimizar o uso de suas propriedades na produção.

“Sem o manejo a produção cai muito. O acompanhamento é o fator chave para o sucesso financeiro desse empreendimento”, reforça Guilherme Mamede, cientista ambiental e integrante da AFLORA.

O produtor, por sua vez, repassa uma parte de sua produção para a AFLORA, que realiza a comercialização após alguns anos, conforme o tempo de desenvolvimento de cada alimento. O valor obtido com a comercialização é reinvestido em outros projetos sociais.

O início

A AFLORA surgiu em 2018, fundada por um grupo de agricultores de Florestal, com o objetivo de fortalecer a agroecologia local e facilitar a comercialização de produtos da agricultura familiar.

Nos primeiros anos, a AFLORA contou com o apoio de um projeto estruturante, o “Florestando”, que recebeu recursos do Ministério do Trabalho e ofereceu recursos e suporte técnico aos produtores, o que possibilitou a ampliação das atividades e o fortalecimento da rede.

Com a chegada da pandemia, no entanto, a associação enfrentou uma fase desafiadora: houve uma queda significativa no número de associados e foi necessário diversificar as formas de comercialização para manter as atividades em funcionamento.

Um dos obstáculos mais marcantes nesse processo foi a gestão interna da associação, que se tornou mais difícil após o encerramento do projeto de apoio inicial.

A idade avançada de muitos dos agricultores também contribuiu para essa queda no número de associados, o que resultou no enfraquecimento temporário da organização. “Muitos agricultores e agricultoras que trabalhavam conosco são idosos e, com a pandemia, cerca de um terço parou de produzir”, comenta Isabel.

A associação, então, diversificou as frentes de atuação e teve como um dos trunfos a presença feminina.

Mulheres à frente

Um aspecto fundamental da AFLORA é a presença feminina na liderança dos projetos. Pela primeira vez, a presidência da associação está nas mãos majoritariamente de mulheres. Trata-se de um trabalho voluntário, o que reforça o comprometimento delas com a transformação social e ambiental.

Conheça a atual diretoria:

Entre os projetos, também há foco nas mulheres. Um deles, o “Mãe Capoeira”, é voltado exclusivamente para elas. Existe, também, um treino aberto de capoeira voltado para o público geral.

Todas as atividades são realizadas na sede da associação, que funciona como projeto de extensão da Universidade Federal de Viçosa (UFV), no campus de Florestal.

“Além de fortalecer o trabalho dos agricultores, nosso principal objetivo com os projetos da Associação é apoiar pessoas em situação de vulnerabilidade social, com atenção especial às mulheres”, reforça Guilherme.

A AFLORA, portanto, desenvolve iniciativas importantes nas áreas de educação e cultura, como cursos e oficinas.

Prêmio e programa

A Associação foi reconhecida no Prêmio Assembleia de Incentivo à Inovação – Crise Climática, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A premiação destaca iniciativas que buscam soluções criativas para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, e a AFLORA se mostrou um dos projetos mais relevantes nessa área.

“Foi lindo, porque a gente vinha de um momento de crise dentro da associação, e o Prêmio deu um impulso para que colocássemos esse projeto em prática. E o pessoal do BH-TEC e da Assembleia sempre nos coloca para frente, faz acontecer”, vibra Guilherme.

Guilherme Mamede participa de rodada de negócios com Silvio Dias e Glaucia Anete, do BDMG | Ana Belo/BH-TEC

O programa de aceleração coordenado e executado pelo BH-TEC tem aflorado na associação outros olhares – e, com isso, expandido horizontes.

“O maior diferencial é o networking, a troca de experiências com pessoas de outras empresas. Não somos uma empresa, somos uma associação de amigos e não tínhamos um projeto de ação grande, por exemplo, não conhecíamos aplicativos de gestão de pessoas. Agora, nós temos e usamos na AFLORA”, afirma a presidenta da AFLORA.

“Estamos aprendendo muito”, finaliza.

AFLORA 2
Equipe da AFLORA | Arquivo pessoal

E os planos para o futuro?

Com a premiação e o programa do BH-TEC, os planos voltaram a ganhar força na AFLORA.

“Queremos ter uma rede melhor estabelecida no território, uma equipe técnica contratada de forma permanente e articulações mais sólidas, com parcerias mais consolidadas, resultados mais imediatos. E, dessa forma, fazer com que a AFLORA seja referência em agroecologia na região”, projeta Guilherme Mamede.

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