Uma solução que resolvesse a falta de acesso a água de qualidade e garantisse a segurança hídrica. Esse é o principal objetivo da LiaMarinha, empresa mineira nascida a partir de uma sensibilização. Comovido com o rompimento da barragem de Fundão em Mariana, William Pessôa, nascido e criado na cidade, decidiu fazer algo que pudesse contribuir na recuperação dos afluentes impactados pelos rejeitos de minério.
A startup é uma das participantes do Conexões, programa pioneiro em Minas Gerais de pós-aceleração. Criado e executado pelo BH-TEC, a atual edição do programa tem a parceria do Sebrae Minas.
A partir de agora, você confere a reportagem especial sobre a história da LiaMarinha.

Uma solução para o desastre
“Meu pai e minha família trabalhavam na mineração e estavam no dia do rompimento. Tudo isso mexeu muito comigo. Tive a oportunidade de ir para a Croácia, onde fui trabalhar com soluções baseadas na natureza, com foco na gestão sustentável da água”, relembra William Pessôa, antes de complementar:
“E foi a partir daí que decidi voltar para o Brasil, para criar uma empresa que pudesse contribuir com a minha cidade”.
Com o conhecimento adquirido em sua formação como engenheiro civil, com especialização em impactos socioambientais, William decidiu abrir a LiaMarinha em 2017. No terceiro mês, a empresa recebeu um aporte financeiro da Fundação Renova por meio de um programa inicial de aceleração de tecnologias montado pelo Senai.

Com isso, a LiaMarinha deu o pontapé inicial para o desenvolvimento da solução, que, após testes no parque tecnológico da UFV (Universidade Federal de Viçosa), foi observada em maior escala na Bacia do Rio Doce, comprovando a eficácia do desenvolvimento da empresa.
“A tecnologia foi instalada no Rio Gualaxo do Norte, na bacia do Rio Doce, por um ano. Nós conseguimos diminuir a turbidez da água entre 20% e 40%”, conta o fundador e CEO da empresa.
Após o sucesso inicial, a empresa expandiu sua área de atuação a outras mineradoras.
A solução a partir da observação
A capacidade de se adaptar ao ambiente é um diferencial da LiaMarinha. A partir da observação do local, a empresa consegue desenvolver a solução mais adequada, pensando na comunidade, na infraestrutura e no meio ambiente.
A LiaMarinha desenvolve essa purificação da água utilizando soluções baseadas na natureza, como por exemplo, o processo de fitorremediação: o uso de espécies de plantas e estimulação de microrganismos para descontaminação da água. Além disso, o uso de resíduos agrícolas como insumos para promover a redução de alguns metais presentes na água.

A empresa realiza, ainda, a instalação de sistemas descentralizados, por meio de estações de tratamento de esgoto sanitário e efluentes industriais, que possibilitam a sustentabilidade do processo.
“Quando a gente pensa na mineração, ela acaba sendo numa área mais remota. Por isso, levamos soluções passivas, que não têm a dependência ali de energia elétrica, uso de produtos químicos, para tornar mais viável. Então, isso acaba sendo um diferencial das nossas soluções”, explica William.
A LiaMarinha também utiliza a plataforma digital “OlhaÁgua”, que torna possível o monitoramento dos dispositivos instalados. A plataforma facilita todo o processo, pois através dela acontece a gestão, o diagnóstico e a comunicação entre empresa e comunidade.
Além disso, a plataforma permite o recolhimento dos dados, que ajudam na evolução das soluções, trazendo assertividade nas operações da empresa.
Da lavra ao porto

Fundada em 2017, a LiaMarinha se aproxima do seu décimo ano de atuação e já planeja expandir suas soluções para todo o ciclo da água no setor de mineração, abrangendo desde a extração e o beneficiamento até o transporte nos portos.
E um dos trunfos de William e equipe é justamente a participação no programa Conexões.
“A ideia é se aproximar de outras empresas, entender esse mercado, como atuar com plataforma digital, como vender, como se conectar mesmo. É esse o momento! Estar próximo de outras organizações, escutar os relatos nos momentos de conversa. Isso eu acho que é o principal ponto para a gente, ganhar esse aprendizado”, ressalta o idealizador da LiaMarinha.