Como levar todo o conhecimento e a tecnologia desenvolvidos dentro do laboratório da universidade para você? Como transformar as pesquisas em melhoria de vida para a sociedade?
Esse foi o tema do segundo painel do palco coordenado pelo BH-TEC no Minas Summit, na quinta-feira (5). A mesa debateu o assunto tendo como pano de fundo justamente o programa executado pelo Parque Tecnológico: Outlab UFMG, título do painel.
O Outlab tem como objetivos principais fornecer ferramentas de capacitação para as equipes de laboratórios da UFMG e desenvolver habilidades empreendedoras e gerenciais para esse grupo.
A gerente de Desenvolvimento Institucional do BH-TEC, Cristina Guimarães, também responsável pela gestão do Outlab, foi a mediadora da mesa que contou com os seguintes especialistas:
- Alessandra Lima – residente pós-doutoral – Laboratório de Biofinformática e Sistemas (LBS) da UFMG
- Cláudio Beato – coordenador do CRISP (Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da UFMG)
- Isabela Nascimento Borges – professora-adjunta do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e representante do Hospital das Clínicas UFMG
Comunicação e tempo
A integrante do Laboratório de Bioinformática e Sistemas da UFMG apresentou a estrutura aos presentes do palco Praça Sete, cuja programação foi toda coordenada pelo BH-TEC na quinta.
Alessandra Lima reforçou dois pontos no processo de levar o que é desenvolvimento dentro da universidade para a sociedade: a comunicação e o tempo.
“Existe um gap grande com a comunicação interna e a comunicação com a comunidade. Hoje a gente está vivendo um ambiente com muitos incentivos – importante o laboratório ter um agente de inovação”, pontuou.

“As demandas são gigantescas e o aluno às vezes pode não ter essa visão. Ter alguém focado nisso é muito importante – mas, para manter esse agente, precisa do financiamento”, complementou.
Sobre o tempo, a especialista afirmou que a sociedade demanda agilidade para processos, muitas vezes, complexos. “É essencial a gente saber o que o mercado quer, o que a gente tem como produto e o tempo que a gente precisa pra cada etapa”.
Combate à violência
Há cerca de 30 anos, o conhecimento gerado dentro da universidade atua efetivamente em uma das áreas mais importantes para a sociedade: a segurança pública.
O CRISP atua, há décadas, na formação e capacitação de profissionais e pesquisadores e, especialmente, na formação de políticas públicas.
“O CRISP foi responsável pelo desenvolvimento e pela inovação de uma série de iniciativas no Brasil e no exterior, pela América Latina”, afirmou o coordenador do centro, Cláudio Beato.

Na sua fala, Beato reforçou a parceria do centro com países diversos e no trabalho realizado para a estruturação das polícias – seja federal, estadual ou, mais recentemente, municipal, através da Guarda Municipal.
“O CRISP foi pioneiro na utilização do geoprocessamento. Lá nos anos 1990, desenvolvimento um projeto que foi base para as polícias, inicialmente para a Polícia Militar mineira. Posteriormente, com a integração, para todas as estruturas”, afirmou.
Beato ainda citou o projeto Fica Vivo, criado há década e até hoje uma política pública em Minas Gerais. “É um apelo para que os jovens se mantenham alheios a intensa força par entrar em grupos criminosos”, citou, antes de contextualizar:
“Fizemos um estudo para descobrir os pontos quentes de criminalidade em Belo Horizonte. A partir daí, é possível realizar ações não apenas da Justiça e da polícia, mas com a própria comunidade em busca de soluções”.
O estudioso, por fim, reforçou a importância de boas ideias serem colocadas em prática. “Iniciativas como Outlab tem essa qualidade de colocar ideias para fora da universidade”.
Horizontes ampliados
A professora e representante do Hospital das Clínicas, Isabela Borges, também detalhou a estrutura da unidade de saúde e os desafios e a importância na criação de uma unidade de inovação tecnológica.

“A gente tem a veia assistencial, isso é muito evidente, e faz muita pesquisa: temos aproximadamente 200 novos projetos todos os anos. Mas e a inovação? Passamos os últimos anos para entender o que a gente quer como hospital dentro da inovação – quer fomentar cultura, desenvolver coisas pra fora, o que é capaz de desenvolver…”, compartilhou.
A exemplo da Alessandra, Isabela pontuou a questão do tempo, muitas vezes em uma velocidade diferente da desejada. E reforçou a importância do Outlab para ajudar a estruturar essa veia de desenvolvimento tecnológico.
“O Outlab deu esse suporte pra construirmos a nossa missão e os nossos valores como unidade de inovação e agora a gente percebe que, para além da assistência que a gente faz, é possível melhorar, melhorar processos internos”.