Salvar as águas do mundo. A ideia que nasceu como um projeto utópico entre um oceanógrafo e dois designers se transformou em uma startup que hoje leva inovação, ciência e esperança para rios, mares e lagos. Assim surgiu a Infinito Mare, criadora da Caravela, tecnologia premiada internacionalmente que une ecologia e design para regeneração das águas.
Com sede em São Paulo e participante do Nautilus, programa do BH-TEC, a empresa avança na missão de transformar inquietações científicas em impacto ambiental, social e econômico.
Da inquietação à inovação
“A Infinito Mare vem de um monte de inquietações diferentes”, conta Bruno Libardoni, CEO da startup e doutor em geociências. “No fim do meu doutorado conheci dois designers e eles me provocaram a criar um projeto para salvar as águas do mundo. Daí nasceu a Caravela.”
Ainda em 2018, o protótipo foi reconhecido com o Top Innovation Award, maior prêmio mundial de eco design, realizado na China. O sucesso confirmou o potencial da ideia, mas logo surgiu um desafio maior: transformar inovação em negócio.
Em 2019, Bruno fundou a Infinito Mare, com o propósito de unir ciência, tecnologia e educação.

Do laboratório ao mercado
A trajetória, porém, exigiu aprendizado. “Uma coisa é ter uma tecnologia reconhecida, outra é transformar isso em produto vendável. No início, não tínhamos modelo de negócio, não sabíamos precificar”, relembra Luciana Batista, COO da startup, que passou a integrar o time em 2022.
Foi no mesmo ano, com a participação no Marine Startup Lab, que a empresa iniciou sua jornada de aceleração. “Durante o programa, um mentor me perguntou: ‘O que acontece com a sua empresa se você morrer?’ Eu respondi: ‘acaba.’ E ele disse: ‘então sua empresa não existe.’ Foi nesse momento que entendi que precisava compartilhar o sonho”, relembra Bruno.

Ao lado de Luciana, Bruno ampliou a equipe e fortaleceu a visão de traduzir ciência em linguagem acessível. Hoje, a Infinito Mare é formada por Bruno, Luciana, Daniel Tremmel, que é químico, e Jana del Favaro, uma bióloga.
A primeira Caravela na água
Em 2024, veio o primeiro grande contrato. A Infinito Mare venceu a etapa brasileira de um campeonato global de inovação da Zurich Seguros e instalou quatro Caravelas na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte.
O impacto foi imediato: em apenas 20 dias, o projeto alcançou 2,5 milhões de pessoas, muito além da meta inicial de 100 mil. “Enquanto para o departamento de marketing da empresa o resultado já era satisfatório, para nós só fazia sentido se houvesse também impacto ambiental e social real”, afirma Luciana.

Bruno reforça: “Nosso objetivo é mostrar que a Caravela pode devolver esperança às pessoas. Quando enxergam que a água pode ser regenerada, a percepção muda completamente.”
Mais setores, mais impacto
Além de projetos urbanos como o da Pampulha, a Infinito Mare já atua em outros segmentos. No setor portuário, a tecnologia permite monitorar navios que podem ter poluído a água. Em hidrelétricas, oferece soluções para controle de qualidade hídrica. E no marketing urbano, ajuda empresas a conectarem suas marcas a transformações ambientais nas cidades.

Na Lagoa da Pampulha, por exemplo, as Caravelas permaneceram instaladas por três meses. Nesse período, a equipe da startup realizava coletas periódicas da biomassa acumulada.
O material foi encaminhado a universidades e pesquisadores parceiros, responsáveis por analisar quais espécies de algas se desenvolveram, sua velocidade de crescimento e a capacidade de absorção de poluentes.
Esses estudos permitem identificar alterações na qualidade da água e até mesmo apontar a presença de resíduos.
O papel do BH-TEC e do Nautilus
A participação no Nautilus, programa de aceleração do BH-TEC, marcou um momento decisivo. “Entramos no Nautilus justamente quando fechamos nosso primeiro contrato em Belo Horizonte. O BH-TEC foi nossa casa na cidade. Aprendemos muito com o Instituto Ethos e agora estamos entregando o nosso primeiro relatório para o cliente”, conta Luciana.

Para Bruno, estar em um ambiente como o Nautilus trouxe mais que suporte técnico. “Foi uma chance de entender que nosso trabalho não é só tecnologia, mas também gestão e estratégia para escalar”, comenta.
Olhando para o futuro
Com uma fábrica terceirizada em Curitiba capaz de produzir até 200 Caravelas por mês, a Infinito Mare já planeja expandir internacionalmente. “A crise hídrica é crescente e a necessidade de recuperar as águas só aumenta”, aponta Bruno.
“Acreditamos que, quando a Caravela mostrar que pode trazer esse retorno, vai viralizar. Não haverá como ignorar.”
Luciana resume o sonho coletivo: “Quero que toda cidade que eu visitar tenha uma Caravela. Que ela seja um símbolo de regeneração das águas, de cuidado com o ambiente. Esse é o legado que queremos deixar.”