Transformar positivamente o ambiente e a sociedade pode ser – muito – mais do que filantropia. Os negócios de impacto crescem cada vez mais diante do conceito de que é possível criar empresas que visam lucro ao mesmo tempo que apresentam soluções para problemas sociais e/ou ambientais.
A mesa Negócios de Impacto Socioambiental no Brasil e em Minas Gerais debateu, na tarde de hoje (29), o que são os negócios que têm esse duplo propósito e também como as empresas comuns podem – e devem – ser inseridas no contexto climático com responsabilidades legais e econômicas.
Mas o que é um negócio de impacto?
Você sabe o que caracteriza um negócio de impacto?
Beto Scretas, do Instituto de Cidadania Empresarial, explicou quais são os critérios para que um negócio seja considerado de impacto. O primeiro é a intencionalidade, ou seja, o negócio já nasce com essa vocação. O segundo é que a solução do problema, seja social ou ambiental, deve ser a principal atividade do negócio.
Para ser considerado um empreendimento nessa categoria também é preciso ter, sim, retorno financeiro – o que difere da filantropia, segundo Screta – e, por último, ter compromisso com o monitorar e quantificar os resultados conforme impacto causado.
Tecnologias verdes, empresas que tratam de formação de pessoas, educação com diversas propostas de valor, empresas que buscam soluções para melhorias do acesso à saúde e também mobilidade nas cidades, e fintechs voltadas para melhoria na distribuição de renda no Brasil, são alguns dos setores preferidos das empresas que causam impacto.
A dimensão da inovação social
Giselle Vianna, coordenadora-geral de Economia Verde e de Impacto do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e atua na Estratégia Nacional de Economia Impacto, trouxe para o debate o conceito de inovação social, ampliando o que pode causar impacto sendo ou não uma empresa constituída.
“Uma solução inovadora para um problema social que é mais eficaz, eficiente, sustentável ou justa do que as soluções existentes e cujo valor criado se destina principalmente à sociedade como um todo em vez de indivíduos privados”, mencionou a especialista, destacando que neste lugar incluem até mesmo o reconhecimento de saberes ancestrais, aumento de acessibilidade por comunidades, entre outros.
Compromisso com o impacto
No âmbito do direito, Rachel Avellar Karam, do Sistema B, refletiu sobre o papel e as responsabilidades das empresas que não nasceram especificamente dentro do conceito de impacto.
“Nossa visão é que todas as empresas, dentro da sua engrenagem econômica, têm que deixar algo positivo. Não causar dano não é mais suficiente”, afirmou.
‘Negócio social não é caridade’
Nadjaluce Barros, consultora do Sebrae RN, é do Rio Grande do Norte e trouxe para Minas um pouco do seu propósito: promover transformações sociais. Com o Sebrae-RN, ela iniciou uma jornada de tornar a economia de impacto uma política pública até chegar ao marco legal de investimentos e negócios de impacto social.
A mesa foi mediada por Maíra Nobre, da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
“Precisamos olhar para nossas raízes, nossos traços de colonialidade e escravidão, que produzem pobrezas. Para que sejam superados, precisamos criar políticas públicas, aspectos legais e jurídicos buscando uma sociedade mais justa, próspera, equânime e sustentável do ponto de vista financeiro e ambiental”, afirmou Maíra.