Transformar setores inteiros com inteligência artificial desenvolvida no Brasil e para o Brasil. Essa é a missão da NeuralMind, startup fundada por Patrícia Tavares e Roberto Lotufo, que atua na fronteira da tecnologia ao criar modelos proprietários de IA voltados para áreas como direito, regulação e saúde.
Participante do Programa Conexões, a empresa trabalha para levar inovação a segmentos estratégicos e contribuir com a soberania tecnológica nacional.
“A gente não só usa inteligência artificial nos nossos produtos: a gente desenvolve tecnologias de IA. Somos uma deeptech, criamos soluções que realmente transformam setores e aumentam a eficiência dos nossos clientes”, explica Patrícia.
Da academia ao mercado: Uma trajetória guiada pela inovação
Engenheira de produção, doutora em política científica e tecnológica e com passagens por grandes empresas, universidades e centros de pesquisa, Patrícia Tavares construiu uma carreira marcada pela busca por eficiência, inovação e impacto.
“Eu sempre trabalhei com a ideia de como levar o conhecimento da academia para o mercado. E quando surgiu a NeuralMind, isso se concretizou: conseguimos criar uma empresa de base científica com propósito real de transformação”, conta.

Ao lado de Lotufo, pesquisador com mais de 40 anos de experiência em inteligência artificial e visão computacional, ela uniu visão estratégica e expertise técnica para fundar uma empresa capaz de gerar tecnologia própria e oferecer soluções sob medida para desafios complexos.
Tecnologia proprietária e pioneirismo em IA
A NeuralMind foi pioneira no Brasil ao treinar o primeiro modelo de linguagem baseado no Transformer BERT do Google para o português, o BERTimbau, lançado em 2020 — antes mesmo da popularização do ChatGPT.
“Nós disponibilizamos o BERTimbau para toda a academia, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento do mercado de IA no país”, relembra Patrícia.
Outro destaque é o Neuroscience, buscador proprietário da empresa baseado em grandes modelos de linguagem (LLMs), que realiza buscas semânticas e interpreta diferentes tipos de dados — de textos e planilhas a documentos em formatos diversos — com desempenho superior a soluções tradicionais.
Soluções que salvam vidas
Mais recentemente, a NeuralMind tem aplicado sua tecnologia à área da saúde, desenvolvendo sistemas que auxiliam médicos e hospitais na priorização de exames e atendimentos de emergência.
A solução, chamada PrioScan, utiliza IA para analisar imagens e dados clínicos dos pacientes e indicar automaticamente quais casos devem ser atendidos primeiro, ajudando a salvar vidas e otimizar recursos hospitalares.

“Hospitais públicos enfrentam grandes filas de emergência e têm poucos profissionais para dar conta da demanda. Com a nossa solução, conseguimos evitar mortes e reduzir o tempo de internação, liberando leitos e ampliando o acesso à saúde da população”, destaca Patrícia.
O produto já está em teste no Hospital das Clínicas de Porto Alegre e deve ser validado em outras instituições, como o Hospital das Clínicas da UFMG.
Crescimento, internacionalização e impacto
Atualmente em fase de tração, a NeuralMind conta com 30 colaboradores e já possui clientes em diferentes segmentos. A startup abriu filiais em São Paulo, Campinas, Belo Horizonte e no Canadá, ampliando sua presença no mercado nacional e internacional.

A empresa também busca fomento e novos investimentos para expandir suas operações, fortalecer as áreas comercial e de marketing e obter certificações internacionais para o PrioScan.
“Queremos escalar nossas soluções e consolidar a expansão internacional. Mas, acima de tudo, queremos continuar desenvolvendo IA no Brasil, em português e para o contexto brasileiro, contribuindo para a autonomia tecnológica do país”, reforça Patrícia.
Conectando inovação e ecossistema mineiro
A entrada no Programa Conexões e no ecossistema de Minas Gerais foi estratégica para a NeuralMind. A empresa viu no BH-TEC e na UFMG uma oportunidade de fortalecer sua presença em um dos principais hubs de inovação e saúde do país.
“O BH-TEC tem um papel muito importante no ecossistema. Participar do Conexões está sendo riquíssimo: desde o diagnóstico inicial até as conexões que estamos fazendo”, afirma Patrícia, antes de finalizar:
“Queremos tornar nossa filial de Belo Horizonte totalmente operacional e contribuir ativamente com o ecossistema mineiro.”