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Pequenos e poderosos: A identificação e o uso de microrganismos para regenerar o planeta, conheça a Prometeus

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Você já parou para pensar em como o nosso planeta se regenera?

Para facilitar, quando assistimos a vídeos, filmes ou séries sobre cidades abandonadas, percebemos claramente como a natureza se vira sozinha, sem a presença humana. E sabe como isso acontece? Com os microrganismos.

A Prometeus, startup participante do Nautilus, o programa de aceleração de negócios de impacto, trabalha justamente com isso: como usar os próprios recursos da natureza, junto à tecnologia, para regenerar o planeta.

O início

Fundada em 2024 pelo engenheiro agrônomo Gustavo Tamasco e pela arquiteta Daniela Tamasco, a Prometeus nasceu do sentimento de dever cumprido ao longo da carreira dos fundadores e do reconhecimento de que seu conhecimento poderia gerar soluções para alguns dos problemas mais urgentes da sociedade: a crise no meio ambiente e o crescimento da população.

Gustavo Tamasco e Daniele Tamasco, fundadores da Prometeus | Arquivo/Prometeus

“Desde essa minha trajetória no laboratório, eu sempre tive o dilema da questão da bioeconomia, o aumento da população e como vamos alimentar todas essas pessoas no futuro. Não dá para continuar fazendo as coisas do jeito que fazemos hoje, porque degradamos muito o meio ambiente e exaurimos a vida do solo”, conta o CEO da Prometeus, Gustavo Tamasco.

“E eu sempre identifiquei que a utilização desses microrganismos poderia ser uma saída”, diz Gustavo.

Um estudo que a vida no planeta precisa

Do laboratório da universidade, durante a graduação em agronomia, trabalhando para identificar microrganismos capazes de ajudar no crescimento das plantas, já começava a ideia de substituir os químicos para o controle de pragas.

Mas o conhecimento sobre esses seres precisava ir além.

“Depois de fazer uma especialização na universidade para aprender a entender o material genético desses microrganismos, percebi que isso iria ajudar a identificar novos microrganismos promissores, que é uma das grandes dificuldades dessa área”, diz Gustavo.

“A gente tem muitos microrganismos espalhados por vários biomas, e o desafio é detectar aquele que tem uma função específica para resolver um problema real do agricultor”, completa.

A solução para o problema? A inteligência agrigenômica: conhecimento em agricultura, genômica e inteligência baseada em ciência de dados e algoritmos.

Como é isso na prática?

De cientista a empreendedor de um negócio de impacto | Prometeus/Arquivo

Um exemplo claro para entender o trabalho da startup é olhar para o cenário das pastagens degradadas no Brasil.

São mais de 100 milhões de hectares de pastagem degradada no país, segundo o Ministério da Agricultura. E o que acontece quando o pasto fica degradado? Significa que a vida no solo está muito fragilizada e já não consegue sustentar o crescimento saudável das plantas.

Quando isso acontece, a emissão de carbono para a atmosfera aumenta significativamente e a erosão do solo também se intensifica, fazendo com que a terra fique cada vez pior.

“O que nós fazemos é identificar novos microrganismos capazes de balancear a saúde do solo de maneira efetiva. Fazemos, por exemplo, um mapeamento da problemática das pastagens degradadas a nível nacional, para identificar padrões de vida microbiana que ajudem a recuperar esses solos”, diz Gustavo.

“O objetivo é fortalecer as plantas presentes no solo, ajudando-as a se recuperar por meio da promoção de crescimento. Esses microrganismos atuam como características pré-bióticas ou probióticas, igual a um remédio para humanos, mas aplicado de maneira efetiva para as plantas”, completa.

O fungo que degrada o plástico

Sim, existem fungos capazes de degradar plástico – e um exemplo claro do diferencial da Prometeus está no ganho de tempo economizado para identificar esses organismos.

“Normalmente, levaria 15 a 20 anos para descobrir algo assim, mas, usando nossas tecnologias, conseguimos detectar essas coisas muito mais rápido”, diz Gustavo.

Um desses fungos, o Pestalotiopsis microspora, foi encontrado na Amazônia e pode se alimentar de poliuretano, um tipo de plástico, inclusive em ambientes sem oxigênio.

“Com isso, conseguimos resolver problemas ambientais e também desenvolver novos produtos e moléculas para diferentes indústrias, ajudando a reduzir o uso de químicos e aumentar o uso de soluções biológicas. Ou seja, nosso trabalho é tanto para melhorar o que já existe, quanto para descobrir algo novo que ainda pode ter utilidade”, resume Gustavo.

Os desafios

Além da grandeza das soluções da Prometeus, alguns desafios ainda existem: a metrificação dos ganhos financeiros para os clientes e investidores.

“Hoje, o maior desafio para a nossa tecnologia é que ela utiliza outras tecnologias que são extremamente caras, e a nossa própria tecnologia também é de custo elevado”, diz Gustavo.

“Ela tem um potencial de retorno muito grande, mas, para realizar projetos em larga escala com clientes, precisamos provar o impacto financeiro real – não apenas o impacto ambiental. Esse tem sido um grande desafio: metrificar tudo e construir provas concretas de que, embora o investimento inicial seja maior do que o habitual, o retorno compensa ao longo do tempo”, completa.

Novos olhares

Prometeus é uma das 9 startups participantes do Nautilus | BH-TEC/Arquivo

No programa, o que mais contribuiu para a trajetória da Prometeus foram os novos olhares que o Nautilus permitiu.

“Uma das dinâmicas que mais chamou atenção foi justamente a questão do ponto financeiro, o valor não capturado e tudo que é relacionado a impacto socioambiental da empresa. Antes, não tínhamos ideia de nada disso, nada estava metrificado internamente”.

“O Nautilus nos ajudou a ajustar nosso discurso, não só em relação ao financeiro e à tecnologia, mas também sobre o impacto ambiental que podemos gerar como empresa”, finaliza Gustavo.

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