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Tecnologia mineira previne desastres climáticos com monitoramento hidrológico em tempo real

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“O nosso sistema é uma ferramenta de prevenção. Ele antecipa, protege e dá poder à população e à Defesa Civil para agir antes que o pior aconteça.” A frase é de Vitória Baratella, engenheira eletrônica e CEO da Asthon, startup que está revolucionando a forma como lidamos com eventos climáticos extremos.

Com uma solução de monitoramento hidrológico em tempo real, capaz de funcionar mesmo nas regiões mais remotas, a empresa usa tecnologia própria para tornar as bacias hidrográficas mais inteligentes – e as cidades, mais seguras.

A empresa, fundada oficialmente em 8 de março de 2023, surgiu a partir de uma demanda concreta identificada pelo professor Benedito Claudio, do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá.

“As estações de monitoramento que existiam na região não eram telemétricas, ou seja, não mostravam os dados em tempo real. Isso obrigava professores e alunos a irem até a beira dos rios, muitas vezes em áreas de difícil acesso, para coletar os dados manualmente”, relembra Vitória.

A missão dela e de Caio Borges, sua dupla, era clara: conectar os rios ao tempo real.

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Equipe da Asthon mostra solução que tem mudado a realidade em muitos municípios | Divulgação

A relevância da solução desenvolvida pela Asthon foi reconhecida: a empresa foi uma das contempladas pelo Prêmio Assembleia de Incentivo à Inovação – Crise Climática, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Além disso, participou do programa de aceleração do BH-TEC, que potencializou seu desenvolvimento tecnológico e estratégico, fortalecendo sua atuação no combate a desastres climáticos.

Vitória em cerimônia de premiação | Divulgação

Tecnologia para alcançar o que antes era inacessível

A solução criada por Vitória e Caio é baseada em telemetria e utiliza a rede LoRaWAN, uma tecnologia de radiofrequência que permite transmitir dados a longas distâncias com baixo consumo de energia. Isso torna possível o funcionamento das estações de monitoramento mesmo em locais isolados, onde o sinal de celular ou internet convencional não chega.

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Solução da Asthon em Itajubá, na região Sul de Minas | Divulgação

O sistema, desenvolvido inteiramente pela Asthon, é composto por sensores de nível e pluviômetros conectados a uma central que transmite dados minuto a minuto. Essas informações alimentam um painel acessível a Defesa Civil, gestores públicos e população, que podem acompanhar, em tempo real, o comportamento dos rios da sua região.

Inteligência artificial a serviço da prevenção

Durante o programa de aceleração promovido pelo BH-TEC, a startup deu um passo além. A partir dos dados históricos coletados, a equipe da Asthon desenvolveu modelos de inteligência artificial capazes de prever o comportamento dos rios com até três horas de antecedência, ou mais, dependendo do relevo e da bacia hidrográfica monitorada.

“Com base no banco de dados e usando redes neurais, conseguimos estimar quando e onde o nível de um rio pode subir a ponto de causar riscos. Isso dá ainda mais tempo para a Defesa Civil agir”, explica Vitória.

A IA complementa o sistema e amplia a capacidade de resposta a desastres, transformando um desafio técnico em uma aliada na proteção de vidas.

De Minas para o Brasil

Hoje, a tecnologia da Asthon já está em funcionamento em 10 municípios, incluindo Itajubá, São Lourenço, Passa Quatro, Espera Feliz e cidades de Santa Catarina. Em cada um deles, a startup atua de forma próxima com as prefeituras e as equipes da Defesa Civil, garantindo que o sistema seja bem compreendido, utilizado e integrado às rotinas de prevenção e resposta a desastres.

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Equipe pretende expandir o negócio | Divulgação

A meta agora é ousada: expandir o sistema para todo o estado de Minas Gerais e, futuramente, alcançar outras regiões do país. “Os rios não respeitam os limites dos municípios. Monitorar apenas um trecho não é suficiente. É preciso enxergar a bacia inteira. E é isso que queremos oferecer: um olhar integrado e inteligente sobre o risco hidrológico”, afirma a CEO.

Utilidade pública e impacto real

Além do setor público, a Asthon também tem buscado parcerias com empresas privadas, especialmente hidrelétricas e negócios que precisam monitorar reservatórios. Mas é no impacto social que Vitória e sua equipe veem o maior valor daquilo que estão construindo.

“Nosso sistema foi acessado por mais de 200 mil pessoas no fim do ano. Isso mostra que a população quer acompanhar, quer entender o que está acontecendo com os rios que cortam suas cidades. A informação em tempo real pode salvar vidas”, destaca.

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