Em um mundo cada vez mais impactado pelas mudanças do clima, prever o “imprevisível” é uma necessidade urgente — especialmente para cidades, empresas e serviços essenciais. É justamente essa a proposta da Saltica, uma climatech mineira que desenvolve soluções de inteligência climática capazes de antecipar riscos e proteger vidas, infraestruturas e orçamentos públicos e privados.

“Todo mundo já entendeu que estamos em uma crise climática e que o clima está mudando. Mas ninguém sabe dizer exatamente onde, como ou quando os efeitos vão acontecer. A gente ajuda a trazer visão sobre o imprevisível para reduzir perdas de vida, infraestrutura e produtividade econômica”, afirma Bárbara Muniz, fundadora e CEO da Saltica.

Com uma tecnologia entregue de forma acessível e de alta precisão, a empresa foi uma das contempladas pelo Prêmio da Assembleia de Incentivo à Inovação – Crise Climática e integra o programa de pós-aceleração do BH-TEC, um conjunto de iniciativas que reconhecem e impulsionam projetos com potencial de transformar realidades.

Da pesquisa à realidade: o início da jornada

Formada em Ciências Biológicas pela UFMG, Bárbara sempre teve um olhar inquieto sobre como as tecnologias desenvolvidas na academia poderiam ser transformadas em soluções aplicáveis ao mercado.

“Vim da universidade com uma formação muito técnica, e consegui unir esse conhecimento ao que o mercado realmente precisa. Meu foco sempre foi a escalabilidade e aplicabilidade de tecnologias ambientais no mundo real”, explica.

A Saltica nasceu há cerca de três anos como uma consultoria focada em transformar inovações em produtos comercializáveis. O foco na crise climática, no entanto, surgiu a partir de um projeto desenvolvido para uma chamada pública do governo alemão — e tudo mudou.

Uma nova missão: antecipar riscos, proteger ativos

Foi nessa chamada internacional que a Saltica deu a sua virada estratégica, deixando de ser uma consultoria para se tornar uma empresa de tecnologia climática. O projeto previa três frentes:

• mapear os impactos climáticos em cidades médias e pequenas
• desenvolver planos de adaptação
• criar mecanismos de financiamento emergencial via seguro paramétrico

“Eu me apaixonei pelo tema. Daí nasceu a solução que a Saltica oferece hoje: uma plataforma web de inteligência climática que antecipa riscos e ajuda a proteger infraestruturas e ativos de cidades e empresas. Também destravamos recursos para setores críticos, como finanças, saneamento, energia e indústrias”, diz a fundadora da empresa.

Hoje, a Saltica atua com uma base de dados climáticos robusta — fruto de uma parceria com uma spin-off da Universidade de Zurique — e aplica modelagens sofisticadas para mensurar riscos em diferentes cenários de mudança do clima.

São analisadas oito ameaças principais, como secas, enchentes, ciclones, ondas de calor e frio. Tudo isso de forma automatizada, acessível e personalizada para cada região, com precisão de latitude e longitude.

“A gente se considera pioneira. Existem empresas que olham para o clima, mas não da forma como fazemos: com modelagens precisas, linguagem acessível e automação. Não é preciso ser especialista para entender nossos dados. Isso democratiza o acesso à informação e potencializa a adaptação”, reforça a bióloga e CEO.

Uma equipe enxuta, um impacto global

A Saltica tem sede em Belo Horizonte e conta com uma equipe compacta no Brasil — formada por Bárbara, a CEO, e Nara Moraes, sócia e responsável pela operação. Na Suíça, a parceria com a spin-off garante o suporte técnico de 10 especialistas em clima.

Essa conexão internacional e a capacidade de traduzir ciência em soluções concretas são algumas das marcas registradas da Saltica. Mas, para além da inovação tecnológica, a empresa também se move por propósito.

“Já não estamos mais no ponto de impedir a crise climática — agora, é sobre adaptação. Quando escolas fecham por causa da chuva ou cidades inteiras entram em estado de emergência, estamos falando de impactos reais na educação, na saúde, na renda das famílias”, reforça Bábara.

“A missão da Saltica é tornar visível o que hoje é invisível, para que possamos nos adaptar melhor à realidade que estamos vivendo”

Barbara Muniz, fundadora e CEO da Saltica

Reconhecimento que valida a caminhada

A conquista do Prêmio da Assembleia e a participação no programa de pós-aceleração do BH-TEC são marcos importantes na trajetória da Saltica. Para Bárbara, o reconhecimento vai além do troféu: é a chancela do valor do trabalho que a empresa realiza.

“Foi um divisor de águas. Somos uma empresa jovem com uma tecnologia nova. O apoio do BH-TEC, com mentorias e estrutura, somado ao reconhecimento da Assembleia, foi muito motivador. Validou o que fazemos e nos ajudou a entender ainda mais o mercado.”

“O prêmio não só nos reconhece, mas também mostra a importância do tema. Ele ajuda a trazer essas conversas sobre clima para o cotidiano, que é exatamente o que precisamos hoje,” complementa.