Imagine milhares de sensores espalhados para monitorar a qualidade da água, o risco de deslizamentos ou o avanço de uma seca — sem que nenhum deles esteja, de fato, no solo. Essa é a proposta da Quasar Space, uma startup que combina imagens de satélite com inteligência artificial para oferecer um sistema de monitoramento 100% remoto, capaz de entregar dados estratégicos, em tempo real, com alta resolução e custo reduzido.
“Hoje conseguimos entregar mais de 50 parâmetros físicos, químicos e ambientais de forma 100% remota, com alta resolução espacial e temporal. É como se espalhássemos milhares de sensores invisíveis em locais onde antes só era possível atuar com equipes em campo e instrumentação física. Isso reduz custos, amplia o acesso a dados estratégicos e ainda melhora a capacidade de resposta a desastres e riscos”, explica Thais Cardoso, fundadora e CEO da startup.
Quando empreender virou sobrevivência
Criada em 2022, durante o doutorado de Thais no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Quasar nasceu em meio a um dos momentos mais difíceis de sua vida pessoal. “Eu sempre quis empreender, mas achava que precisava estar mais preparada. Quando minha mãe foi diagnosticada com um câncer terminal, tudo mudou. A Quasar surgiu como uma forma de me manter em pé. Era um momento de muita dor, mas também de muita clareza: eu precisava fazer acontecer. E fiz.”

Ao lado do sócio Caio Fagonde, CTO da empresa, Thais começou a transformar seu conhecimento acadêmico em produto. O desafio era grande: adaptar técnicas sofisticadas de sensoriamento remoto à realidade de setores estratégicos — e provar que aquilo funcionava.
Tecnologia para resolver dores reais
A solução da Quasar combina imagens de satélite, inteligência artificial desenvolvida internamente e uma série de algoritmos que permitem interpretar os dados com alto grau de precisão. Com isso, a empresa substitui sensores físicos por sensores virtuais e entrega plataformas inteligentes para seus clientes.
“Antes, uma Defesa Civil, por exemplo, precisava enviar equipes a campo para fazer medições pontuais e conseguia instalar poucos sensores físicos em locais de risco. Hoje, conseguimos monitorar grandes áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações com atualizações a cada 30 minutos, sem nenhuma instrumentação no solo”, afirma Thais.

A mesma lógica se aplica ao monitoramento da qualidade da água, do solo ou da infraestrutura em regiões remotas. Segundo a CEO, a tecnologia da Quasar resolve quatro grandes dores comuns a esses setores:
- A dependência de mão de obra local
- A baixa frequência de atualização dos dados
- A dificuldade de acesso a regiões vulneráveis
- E os altos custos operacionais
Diferenciais: personalização, acessibilidade e alta frequência de dados
Além do pioneirismo na proposta de substituição total de sensores físicos, a Quasar se destaca pela personalização e inteligência das entregas. A empresa desenvolve plataformas sob medida para cada cliente, já com os dados tratados, visualizações prontas e alertas automatizados.
“Dado por dado não resolve o problema. A gente entra na operação do cliente e entrega o que ele realmente precisa: informação inteligente, visual, acionável. Por exemplo, se a Defesa Civil ou a Prefeitura quer alertas a cada 30 minutos com base em previsões meteorológicas específicas, a gente entrega exatamente isso, do jeito que ela precisa”, explica Thais.

Outro diferencial importante está na tecnologia de processamento de imagens: a Quasar consegue remover nuvens e melhorar a resolução das imagens captadas.
Reconhecimento e prêmio da ALMG
Em 2024, a Quasar foi a vencedora do Prêmio Assembleia de Incentivo à Inovação – Crise Climática, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A tecnologia premiada tem sido usada, por exemplo, em cidades como Pedro Leopoldo.
“Foi um reconhecimento muito significativo, principalmente porque temos uma filial em Minas Gerais e muitos dos nossos clientes estão aqui. O prêmio nos deu visibilidade, consolidou nossos produtos no mercado e nos aproximou ainda mais das instituições mineiras. Foi como retribuir a confiança que eles já vinham depositando na gente”, conta Thais.
A startup participa atualmente do programa de pós-aceleração do BH-TEC, o que tem contribuído para o amadurecimento estratégico do negócio, expansão de conexões e refinamento de soluções.

“Estar em um ambiente como o BH-TEC nos ajuda a conectar tecnologia com impacto real. É uma ponte entre o que desenvolvemos e as necessidades concretas de empresas, governos e instituições públicas”, destaca a CEO.
Expansão internacional e novos produtos
Com clientes em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Amazonas, Rio Grande do Norte, Distrito Federal e também na América Latina, a Quasar já começa a se preparar para a internacionalização.

“Vamos abrir nosso primeiro escritório fora do Brasil no início de 2026. A ideia é fortalecer nossa presença internacional, sem deixar de consolidar o mercado nacional. Também estamos desenvolvendo novos produtos, sempre guiados por essa missão: transformar dados em decisões, com mais inteligência, menos custo e muito mais agilidade”, conclui Thais.